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HOMENAGEM AO MÚSICO GOSPEL COMPOSITOR E INSTRUMENTISTA MANUEL SIMÃO “BAMBILA”

Por: M.S “Matumona”


Descrever o percurso histórico do músico, compositor e instrumentista, Manuel Simão, nome artístico , Bambila , levou-nos a percorrer quilómetros até a província do Uíge para revisitar o local onde este talento da música gospel do nosso lindo país, Angola , nasceu.

Em 1982 com a intensificação do conflito armado, seus pais, *Bambila Simão e Isabel José* que esteve concebida neste período, foram esforçados a se refugiar nas matas, a poucos metros do rio suambala, no bairro Kimbunga 1, município de Kimbele província do Uíge.


Entretanto, naquele estado e com intenso fogo cruzado das forças envolvidas no conflito, os habitantes procuraram refúgio entre árvores de troncos grossos, montanhas, baixas e em matas fechadas.


Já no dia 21 de Fevereiro do mesmo ano, os habitantes do povoado, ouviram os gritos de um menino que recebeu o nome de um discípulo de Cristo “ Simão". Sem dúvidas aquele sinal era mesmo, um prenúncio de uma voz angelical que se confirmaria 20 anos depois.


Apesar do ambiente de guerra, as aves do mato cantavam intensamente de alegria ensurdecendo os homens no teatro das operações militares.


No meio de Nvula, (chuva), novas plantas surgiam nos campos verdejantes, o malavu a verter nas palmeiras, o ruído das águas dos rios, o clima embriagado e tão húmido, o grilo com medo debaixo de troncos e folhas secas, as gotas de água caindo no teto feito de capim, as crianças descalços e cabelos resolutos, mesmo assim, queriam ver o menino que nasceu com o barulho dos canhões.


Naquela dia, os caçadores deram clemência, ouvindo isto, então a gazela, a paca, a zebra, o jacaré, deixaram suas zonas de conforto, atravessaram os rios que cortam o bairro Kimbunga 1 e sem medo rodearam a pequena cubata tão baixinha feita de pau-ferro e capim seco ,da tia Isabel dando assim as boas-vindas ao menino Simão. Naquele dia, o macaco e o javalim queriam vingar-se da avó Mpemba que lhes tinha apanhado na armadilha libertos depois de uma surra de junco. Entretanto, vendo-a se entreolharam e decidiram caminhar.


Como é de costume, o povo solidário e acolhedor levou fuba, ginguba, sal grosso, açúcar, dendém, sabão e peixe seco mesmo naquela circunstância ofereceram-no.


Chegou à sede da província


Aos cinco a seis anos de idade na companhia de alguns familiares teve de fugir de Kimbele para a sede da Província, onde encontrou-se com o pai.


Enquanto isto, aguardavam às boas notícias da mãe que tinha ficado em Kimbunga ou Mujeito porque naquele período era comum o ataque dos carros em colunas.


*Chegou em Luanda em 1991*


No meio da guerra no ano de 1991, por cima de mercadorias de um camião de marca IFA, *Manuel Simão* chega à *Rainha Nzinga em Luanda,* com ajuda do seu tio Sidónio *José,* dando ai os seus primeiros passos, aprendendo a mercenária, bem como fez os seus estudos na Escolas 388 nas pedras negras, *Vasco da Gama* e depois culminou no *Alda Lara.*


*Lutou para sobreviver em Luanda*


Ao longo do seu percurso este homem que hoje homenageamos nem tudo em sua vida foi um mar de rosas, por exemplo, na luta pela sobrevivência, já vendeu *vassouras e produtos do campo, como abacate, manga, entre outros , nas ruas.* Também foi engraxador, lavador de carros, cobrador e segurança ou vulgo operativo.


*Como começou a cantar?*


A paixão pela música surge quando juntou-se ao grupo Black Unit, na companhia dos primos, cantando Rap. Depois da sua conversão ao *Cristianismo na Igreja RHEMA Comunidade Cristã para Evangelização em Angola* e pelo poder da palavra de Deus, deixou o género musical passando assim, para a música gospel.


Mas antes de cantar era percussionista, seguindo deste modo, o talento do seu pai que nos anos 60 no *Congo-Léopoldville, actual República do Congo,* trabalhou também com Franco Luambo Makiadi.


*Carreira Musical*

_Vencedor de 3 prémios " Melhor disco Gospel do Ano._


Depois de ter sido apostado pela família Calandula a frequentar uma Escola de Música, concluiu com sucesso sendo um dos melhores alunos. Este impulso levou-lhe a lançar o seu primeiro disco.


É importante referenciar que foi nesse ano de 2006, que Bambila deu um salto magnífico na sua carreira, com a divulgação e promoção do seu primeiro trabalho discográfico “ *Hoje Achei”* com 11 faixas musicais, gravadas em Luanda, no Estúdio T do também músico João Alexandre, masterizado no Brasil e editado na Alemanha, contando com a participação de Bruno Mambo.


Por conseguinte, foi considerado o melhor CD gospel nacional, um *prémio* atribuído pela gala “ *ML3* ” que tinha reunido várias músicos gospel a nível de todo país.


Seguiu-se o seu segundo trabalho discográfico intitulado “A *Um Deus” (2011),* vencendo mais um prémio " **melhor disco gospel",* composto por 14 faixas musicais, gravado em Luanda, nos estúdios da Rádio Vial, Hélio Cruz, na Home Estúdio, de Dodó, e no Nikila Record. E para maior qualidade o disco foi masterizado e editado na República da África do Sul, pela Tamar Eventos. Teve a participação de Dodó Miranda, Gui Destino e irmã Sófia.


Já em *(2016)* , lançou o terceiro disco, intitulado “ *Dupla Honra* gravado nos *Estados Unidos da América, mais uma vez, conseguiu arrebatar o prémio de melhor disco do ano, *premiado pela Angola Music World.*


Ao longo da sua carreira, Bambila já actou, nos EUA, Portugal, Inglaterra, Brasil, África do Sul, Namíbia, Moçambique e no

Kenya, onde vibraram mais de 9 mil pessoas.


*Abatido mais não destruído*


Já foi julgado por muitos em praça pública com maior incidência nas redes sociais, onde internautas disfarçados com pele de ovelhas, rostos cobertos, o apedrejaram sem piedade, tocaram na sua alma, o angustiaram, o desprezaram, dentre estes alguns cristãos, que esqueceram- se do versículo bíblico que diz : “ *Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mateus 22:37 – 39)* , reforçando ainda com as palavras de Jesus que disse: " *Não julguem, para que vocês não sejam julgados. (S. Mateus 7:1).*


Nesta senda, sabe bem como sente na alma de quem já mergulhou num túmulo escuro e denso das controvérsias do mundo, cada vez mais intrigante, onde o *rancor, a cobiça e a fofoca,* imperam em todos níveis e em toda espera do teatro social.


E naquele contexto, este belíssimo compositor ficou desolado, talvez poucos o ampararam, ou mesmo ofereceram ombro amigo. Mas como homem de fé, conseguiu vencer as intempéries do deserto, cantando com apoio da família e sobretudo com o poder da palavra e o Espírito Santo de Deus.


*As críticas construtivas ajudam-nos a levantar*


É bem verdade que muitos têm a língua afiada lançando farpas ao próximo quando este caí, esquecendo-se de seus próprios problemas, sem se lembrar que estamos sujeitos a ter um deslize nesta vida terrena. Às vezes criticamos no coração, mas quando ouvimos a sua música, cantamos e pulamos de alegria como se fôssemos até os compositores da mesma com “kembo na Jesu”.


*Mas que hipocrisia!* Como dizia o meu irmão *Jorge Manuel Salazar* de feliz memória : “ *Ndombe zadi Menga"* “os negros se odeiam ou os negros não se gostam”. Porque alguns carregam o odeio, a inveja e nunca estão satisfeitos com o sucesso dos outros, e se estiverem em desgraça a festa é interminável.


Sejamos bons mensageiros, acolhendo os outros com amor e carinho, dando sempre que possível o apoio necessário para nos levantar e caminharmos. Desafios


Apesar dos altos e baixo da sua vida e carreira musical em particular, *Bambila* nunca cruzou os braços, por isso, está em estúdios a preparar a sua próxima obra discográfica, intitulada “ *A bênção está a vir”* , com 12 faixas musicais.


*É um músico fora do comum*


Ouvi a sua música “ *Eu entrego a minha vida”,* pela primeira vez na Rádio Eclésia, provavelmente uma das mais tocadas na altura, sobretudo, pelas manhãs e ao cair da tarde, talvez um dos técnicos também gostava muito.


Ouvir a voz deste maestro da música gospel de Angola, é uma bênção. Depois tive a honra de o conhecer numa das entrevista naquela casa de rádio.


Mas foi no Cuanza-Norte que conversámos demoradamente ao lado da irmã *Joly Makanda* aquando da realização de uma actividade cultural. Este filho de Angola com dimensão continental, ainda é amado, por muitos.


Bambila é um homem de fé, corajoso, fervoroso, inteligente, vaidoso, às vezes tímido, mas alegre para quem fica demoradamente ao seu lado, sente o que sublinho.


Este astro da música do nosso tempo, é também habilidoso, carinhoso, *atencioso, de trato fino, trabalhador, solidário, pai amoroso* , muito admirador de sua filhinha que eu sempre chamei de chinesa, por ser muito linda, bem como também é muito amigo de sua esposa.


Quando me convidou em sua casa humilde, senti nele a espiritualidade. Naquela manhã de quarta-feira, *cantámos, louvámos ao Criador, ao som de um piano,* bem ali no centro da sala. Às vezes é preciso estar por perto de um amigo para conhecê-lo melhor.


Bambila é um génio, é uma estrela cintilante da música gospel angolana, *canta, encanta, levanta as almas, às vezes doentias e tímidas para com Deus e sua música, cria um novo estado de espírito ao homem e na mulher fracassada , fortalecendo-a para enfrentar o mal, expulsando dela com o poder do Eterno, o ódio, a maldição e feitiçaria, no final são vencidos.* Mas com muito apoio, conselho e carinho, Bambila é uma bandeira de Angola , de África para o mundo.


Contudo, apelo a participação e a contribuição dos corações abertos de boa vontade para ajudá-lo nesta longa caminhada.


*Que venha a próxima obra discográfica!*

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