Por. Agostinho Gayeta
Analistas referem que apesar das oportunidades de formação profissional, emprego e inclusão social, a juventude angolana tem sido vítima das políticas do Governo com o número de desempregados a crescer significativamente.
A exiguidade de oportunidades de formação profissional e académica, assim como de emprego configurarem os maiores desafios da juventude angolana em tempo de paz. A emigração massiva de jovens em tempo de paz, deixando para traz a família e todo potencial agrícola que o território angolano oferece deve representar uma grande preocupação para o país, segundo o académico Alcides Fereira Chivango, para quem a grande maioria dos emigrantes são diplomados que vão aplicar o seu saber na Europa e em outros pontos do mundo.
O Neuropsicopedagogo defende a criação de políticas que desincentivem a emigração massiva do capital humano, por isso apela o Governo a cumprir as suas promessas eleitorais e a devolverem aos jovens angolanos o poder de compra.
«O mais caricato é que estes jovens que estão a emigrar para Europa são diplomados. Têm formação média e superior e deviam contribuir para nossa economia, mas estão a contribuir para economia da Europa. Devemos criar políticas que desincentivem a migração massiva dos nossos irmãos. Se formos às embaixadas encontramos jovens a venderem as suas casas para irem para Europa, mesmo sem saber se vão ser bem recebidos», referiu.
Um dos maiores desafios do Governo deve ser a resolução dos problemas das desigualdades e da exclusão social, segundo Rui Mangovo, especialista em Democracia e Governação Participativa para quem existem ainda muitos jovens por se formar e contribuírem para o desenvolvimento de Angola. A vontade política de fazer bem as coisas ainda é diminuta, refere o analista.
«O próprio Presidente da República reconhece a debilidade do ensino em Angola, logo existe alguma coisa a ser feita. Se ainda não se fez é porque a vontade política ainda é diminuta. Não é a vontade que querer fazer bem as coisas, mas é de fazer apenas “para inglês ver”», referiu.
Para que a juventude consiga ultrapassar as actuais dificuldades sociais generalizadas do país a formação profissional e académica é imprescindível. Sobre o acesso à educação, Francisco Teixeira, presidente do MEA – Movimento dos Estudantes Angolanos –, refere que o Estado não tem capacidade para dar resposta a procura pela oferta educativa por parte da juventude, contudo é o mesmo que apadrinha o aumento das propinas no sector privado.
As dificuldades vividas pela juventude angolana impedem o progresso social. Paulo Pambou, inventor e Engenheiro de Tecnologias de Comunicação, lamenta a falta de apoio aos jovens com projectos que podem contribuir para o desenvolvimento do país em vários sectores. «Temos muitas dificuldades. Não somos aceites na sociedade. Não temos financiamentos dos nossos projectos. A tecnologia é que fez desenvolver o mundo. O executivo precisa dar apoio e assistência aos jovens angolanos.»
A situação do desemprego em Angola vai continuar desafiadora até ao quarto trimestre deste ano, por causa do baixo nível que se tem registado nas actividades económicas, sobretudo na não petrolífera, segundo dados de um relatório do Banco de Fomento Angola. O Instituto Nacional de Estatísticas, por sua vez, avançou que o Índice de Desemprego em todo o território nacional aumentou 2,2 pontos percentuais para 31,9% no último trimestre do ano passado, com 80,5% dos empregados a trabalhar no sector informal.
Fora os desafios, a juventude angolana enfrenta problemas que devem envolver a mão pesada da lei e do Estado para se pôr fim. O consumo de drogas lícitas e ilícitas é visto pelo Jurista e docente José Candeeiro, como sendo resultante do crescimento da indústria de bebidas alcoólicas e substâncias psicotrópicas pesadas que acontece sob o olhar das autoridades. Ligado ao consumo de drogas está a pobreza sobre as famílias como causa e o aumento da criminalidade violenta como consequência, segundo referiu.
«A fracas políticas de combate contra o consumo e o tráfico e drogas em Angola são as causas do aumento da criminalidade violenta, acrescidas da pobreza das famílias e o desemprego que afecta a grande maioria dos jovens e a falta de ocupação académica rigorosa dos adolescentes e crianças», esclareceu.
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